quarta-feira, novembro 28, 2012

sou só descaso
gosto de longos silêncios
música me enternece
beijo porque é bom
coleciono abismos
de mim é que tenho medo

quero os copos quebrados
algumas madrugadas
o braço sobre o corpo cansado
mansidão

sem laço que prenda a palavra
sem caixa que cale a canção

segunda-feira, novembro 19, 2012

por anos
perdi-me no ruído dos meus passos
na curva do meu umbigo
roía as unhas todas
enquanto ruíam os castelos
e as cartas que nunca mandei
das quais nunca li as respostas

então tuas mãos
e os olhos perderam a razão

noite é tudo
no sobre há sempre estrelas


domingo, novembro 18, 2012



naquela caixa eu guardei o tempo
um guardanapo amarrotado
algumas dores
a imagem de santa
meu sertão
todos os outros
passos

sem espaço para o contrário
lotei de luto as certezas
silêncio para respirar

tonta de engano
escrevo o teu nome
(palavrabraço)

poesia é só memória





sábado, novembro 17, 2012

não tenho medo dos teus olhos pueris
nem do teu corpo lasso
não tenho medo da falta

fujo é das janelas que abres
sol que se estilhaça minha nudez





domingo, novembro 11, 2012

o corpo pede mais sede
porque a vontade é rouca
como último gemido
o corpo entoa rituais
evoca palavras em fúria
germina silêncios ancestrais
o corpo é instrumento
é página
o corpo é memória
e tem fome
respira
desprende-se blues
o corpo é caos
cúmplice diante do secreto
abre os olhos e se faz cristal
o corpo é espelho
é esfinge
é dois
é bom