sexta-feira, maio 24, 2013

era um inseto
minúsculo
o que rompeu sua pele
o que bebeu do seu sangue
impetuoso em desejo

era um inseto
olho não via
e devorava sua palavra
e transformava sua rotina
ardendo as asas escuras

era um inseto
sequer se sabia

era um inseto
mas existia
nas frestas do dia-a-dia
obscuro nas nossas cortinas


segunda-feira, maio 06, 2013

e é porque sei que tudo é finito
que tenho medo
da noite sempre curta
dos risos vezes pouco
daquela canção perdida
tua voz rouquejando na memória
os desamores debulhados

tenho medo porque grita tempo
a minha pele, os meus cabelos
porque fé também é cansaço

medo do tanto querer
da falta do gesto
das palavras prometidas
no verso da página
no avesso da vida minha
que é também vida tua

tenho medo do que é passo
do que é salto
(ainda que ame o profundo)
dessa travessia que meu corpo guarda
quando ainda nem havia nós

no silêncio sublima-se o Amor destinado
com susto de quem espera passar a escuridão



sábado, março 09, 2013

como cartas que deveriam ser esquecidas
amassados foram os sonhos nas linhas das mãos
sob as tintas vivas da paredes
cochicharam sua sede, uma rosa vermelha, arroz
promessas de mãos dadas em ruas de um país não muito distante

basium ad infinitum
o tempo pode ser cura ou veneno
xícara de chá na madrugada
o silêncio das pequenas solidões tocava na vitrola
pra fazer passar as horas
pra fazer passar a dor

risco

domingo, março 03, 2013

então as palavras romperam a casa como aves libertas
e revelaram os corpos nus
nem era noite
cuspiram sobre as lágrimas contidas
rasgaram verdades natimortas

amor alça voo sem pena
explode em silêncios gordos
descola camadas de vidas inteiras
desenha nas paredes aranha, corujas e gatos

é tempo
(e eu sou tua)