segunda-feira, agosto 28, 2023
sexta-feira, agosto 25, 2023
domingo, agosto 20, 2023
Amor é caos. im-per-ma-nên-cia. palavra guardada sempre esquecida. travessia apagada no corpo de uma ponte.
Amor são quase 365 barquinhos. navegar é uma escolha sobre remar, flutuar ou se atirar em águas profundas. o azul sepulta o corpo (alguém disse).
Amor é remédio (alguém disse). o Amor ventando tudo, borrando os sustos. o Amor quando bebe o café morno em silêncio lambe as feridas abertas.
Amor é nós no escuro do quarto. silêncio.
Amor é caos no escuro. amarelo.
o Amor é velho (tu avisou).
Amor é princípio (tuas mãos nas minhas costas)
Amor é meio(rimos de bobos)
Amor é fim (e tudo fica bem)
sábado, agosto 19, 2023
quando eu era criança, eu adorava perfurar papéis. pequeninos pontinhos que minha mãe e eu guardávamos, enchendo caixas com as minhas horas ociosas. era a forma que ela encontrava para continuar trabalhando enquanto eu permanecia entretida na minha missão em fazer confetes.
uma vez por ano, a cidade fria abria as janelas e sujava de partículas de alegria o ar e as ruas úmidas. meus olhos pendurados no parapeito da janela envaideciam-se, artistas.
para sempre aquela fotografia moveu-se suave na memória da menina que às vezes desperta no meu peito diante da felicidade miúda do cotidiano.
sexta-feira, agosto 18, 2023
quando fecho os olhos, ainda nos vejo rindo enquanto mentimos que somos um casal em busca de uma vida imperfeita nos azulejos antigos. as línguas entrelaçadas como braços num amor indesejado. nós na cama, nós em silêncio no café da manhã, nós procurando um pedaço de corpo por sobre a mesa dos bares em calçadas sujas, nós desenhando em fotos de futuros caducos das cidades desconhecidas. nós.
fora dos meus olhos febris sou a mulher lúcida que evita olhar para os topos das árvores e para os musgos que insistem em brotar entre as lajotas do pátio.
nunca mais vou escrever saudade.
domingo, agosto 13, 2023
tem tempo, Amor, que só quero dizer que tu descanse. desaperta o passo, desacelera o voo, que a vida agora existe.
olha as plantas no pátio iluminado, as gatas que dormem nas cadeiras, alguns insetos que visitam o café que eu bebo todas as manhãs no degrau da soleira da porta. tira os sapatos, senta comigo (ou deita sobre a colcha de crochê colorida) e fecha teus olhos de dilúvio.
depois de navegar, sempre é bom chegar em casa.