segunda-feira, junho 30, 2025
domingo, junho 22, 2025
quinta-feira, agosto 29, 2024
sexta-feira, fevereiro 02, 2024
domingo, janeiro 14, 2024
uma suicida que aceita o veneno a conta-gotas como quem digere aquilo que resta de ar
um dia depois do outro
e outro mais
como guardar no corpo o calor do peito acelerado
é noite de uma primavera sem brisa
durmo no abraço da minha imprópria ausência quando me despeço de cada quase
(houve um poeta português que.
sexta-feira, janeiro 05, 2024
domingo, novembro 12, 2023
sexta-feira, outubro 27, 2023
deixar a falta como quem deixa ir o inverno, com saudade do calor do abraço quente que protege do minuano arranhando a pele. deixar ir como quem embala com cuidado as boas lembranças. a mão nas minhas costas dizendo que tudo vai ficar bem. café frio. riso. carnaval gritando amor em um pote de conserva. amor-remédio, ponte, embarcação. as palavras erradas. aliterações. as fotografias. desejo de sorvete em noite escura. todos os fósforos queimados. dois animais selvagens no meio da rua. uma caneca quebrada. fechar em silêncio a caixa em que eu escrevi muitas vezes fim.
domingo, outubro 22, 2023
sei bem sobre encontrar caminho pra não voltar. aprendi cedo a impermanência. pequena já costumava trocar os calçados nos pés e achava divertido tentar correr com eles até estatelar. tenho algumas cicatrizes: sempre o mesmo joelho muitas vezes ralado, onze pontos no supercílio, um coração piegas. foi assim que aprendi a mentir o riso; esse soluço. como chorar com o chinelo direito no pé esquerdo.
como faz pra estar quando tudo dentro é fissura?
sexta-feira, outubro 13, 2023
nem mais bolacha,
nem pra dormir fora,
nem pra deixar a luz acesa
não falar
não rir alto
ser agradável
ser ajeitadinha
(bonita não é)
ser adequada
frequentar
comer sem descolar os cotovelos
(quem tem asa é galinha)
minha avó criava muitos bichos. morava numa casa pré-fabricada que cheirava a quesosene uma vez por ano. eu cheirava a suor, poeira e Kollynos. os dias acabavam no rio às dez horas da noite. as crianças gritavam nas ruas inteiras, encondiam-se, encontravam-se, empulgavam-se com os cachorros e metiam-se com os pássaros nos ninhos. eu tinha medo de sapo, de mboitatá e da foto do tio-avô morto, que ficava debaixo da renda da cortina cor de rosa que cobria as paredes de dentro. minha avó era um mundo inteiro e cheirava a alho, pão caseiro e colônia de rosas barata.
lá, migalhas eram sobre galinhas e codornas. nunca sobre amor, essa fartura.