quando eu era criança, eu adorava perfurar papéis. pequeninos pontinhos que minha mãe e eu guardávamos, enchendo caixas com as minhas horas ociosas. era a forma que ela encontrava para continuar trabalhando enquanto eu permanecia entretida na minha missão em fazer confetes.
uma vez por ano, a cidade fria abria as janelas e sujava de partículas de alegria o ar e as ruas úmidas. meus olhos pendurados no parapeito da janela envaideciam-se, artistas.
para sempre aquela fotografia moveu-se suave na memória da menina que às vezes desperta no meu peito diante da felicidade miúda do cotidiano.
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