sexta-feira, janeiro 13, 2012

tudo previsível como uma penteadeira

beijos gastaram todo o batom
mas restou o sangue
volúpia ardente na página daquele livro
respiro o teu perfume
quando a noite insiste em se fazer inteira
diante do espelho
tudo é nu

(gavetas também não escolhem as lembranças)

quarta-feira, janeiro 04, 2012

Você estava tão perto
eu era capaz de adivinhar-lhe o peito
o cheiro de café e pó nas dobras da camisa
o redemoninho moreno, suas ideias

Você estava tão perto
que bastaria um gesto pra desfazer a ruína e o nó
um vento urbano suspirando na nuca
as palavras que me nego a repetir

Onde você esteve esse antes todo?
Se não era somente dentro de mim?
sigo as tuas palavras
segui teus passos
ainda susto
minha respiração

dilúvio das não-respostas
daquilo que nos foi roubado

como o sonho infantil de dia de Natal
como o verso do livro da cabeceira
como a flor
devorando meus olhos tristes

terça-feira, janeiro 03, 2012

Foi quando fomos jovens que abrimos portas
e dentro delas paredes de espelhos
tornaram infinitos nossos desejos?

 *