sexta-feira, maio 24, 2013

era um inseto
minúsculo
o que rompeu sua pele
o que bebeu do seu sangue
impetuoso em desejo

era um inseto
olho não via
e devorava sua palavra
e transformava sua rotina
ardendo as asas escuras

era um inseto
sequer se sabia

era um inseto
mas existia
nas frestas do dia-a-dia
obscuro nas nossas cortinas


segunda-feira, maio 06, 2013

e é porque sei que tudo é finito
que tenho medo
da noite sempre curta
dos risos vezes pouco
daquela canção perdida
tua voz rouquejando na memória
os desamores debulhados

tenho medo porque grita tempo
a minha pele, os meus cabelos
porque fé também é cansaço

medo do tanto querer
da falta do gesto
das palavras prometidas
no verso da página
no avesso da vida minha
que é também vida tua

tenho medo do que é passo
do que é salto
(ainda que ame o profundo)
dessa travessia que meu corpo guarda
quando ainda nem havia nós

no silêncio sublima-se o Amor destinado
com susto de quem espera passar a escuridão