quarta-feira, novembro 29, 2006
Gran finale
Quando o circo apagou os últimos holofotes, o vagão de espirais laranja recebeu-a com carinho. Entre tiras de tecido coloridas, observou seu leito. Cuidadosamente, abriu a caixa azul-celeste e contemplou o céu pintado no fundo. Retirou o macacão para vestir-se da própria pele. Pálida depositou-se nela. Primeiro o ventre, seguido dos pequenos seios. Encostou lentamente o triângulo que apontava para seu secreto sexo. Apoiou as coxas e com a ajuda das mãos cruzou as pernas sobre elas. Dobrou os braços, quase tocando a curva das nádegas. A cabeça descansou sobre a lua redonda e branca. Com um breve movimento fez com que a tampa se fechasse. A contorcionista dormiu eternamente seu sonho de estrela.
Clandestino
Eu ia dizer, mas sua língua preencheu minha boca. Eu ia dizer, mas você mordeu o lóbulo da minha orelha. Eu ia dizer enquanto sugava o bico do meu seio esquerdo, mas seu gosto alagou o meu umbigo. Então você escorregou pela minha barriga e esqueci todas as palavras. Quando lembrei, você, serpente, já tinha dado o bote e partido.
- Por que você não fica? – murmurei para o seu cheiro no travesseiro.
- Por que você não fica? – murmurei para o seu cheiro no travesseiro.
quinta-feira, novembro 16, 2006
Pequeno Polegar
Adolescentes compartilhando a balada do final-de-semana:
- ... aí, ele me grudou. Mas, tipo, olhei o tamanho do polegar. Assim... Ridículo.
- Bó, palhaçada! Ae não rola, se é pequeno, sipá uns pega.
- ... aí, ele me grudou. Mas, tipo, olhei o tamanho do polegar. Assim... Ridículo.
- Bó, palhaçada! Ae não rola, se é pequeno, sipá uns pega.
Cinderela
Passava da meia-noite quando entrou no inferninho cool. Rodopiou a saia e os cabelos pela pista por toda a madrugada. Entrou em casa trôpega; o salto quebrado. Decadente abóbora.
Rapunzel I
Saiu do salão sentindo-se careca. No bolso, cem pila pelos cabelos vendidos. Dava pro aluguel.
terça-feira, novembro 14, 2006
Três porquinhos
Tomates, alface, berinjela, aipo, aspargo e champignon. Peixe, frango, gado. Toda variedade de frutas. Banquete.
No lixão, só os três guris, olhos atentos no caminhão que despeja os restos da cidade.
No lixão, só os três guris, olhos atentos no caminhão que despeja os restos da cidade.
Peter Pan
fica tranqüilo... eu sei, isso acontece... nunca tinha acontecido antes, eu acredito... mas depois dos quarenta... é normal, relaxa... eu entendo...vamos tentar de novo... assim... mas... quem sabe tu guarda a chupeta dessa vez?
segunda-feira, novembro 13, 2006
Chapeuzinho vermelho I
Por que esses olhos tão grandes? Por que essa boca tão grande? Por que ... ?
Entre as árvores, no escuro da praça, ela foi devorada. Depois vestiu novamente o moletom vermelho. Que frio.
Entre as árvores, no escuro da praça, ela foi devorada. Depois vestiu novamente o moletom vermelho. Que frio.
Experimentando Minicontos
Sim, este é o blog da Rita... Mas e essa prosa toda?
É, este blog não é confessional (não é?) há algum tempo. Mas a situação precisa ser explicada, porque afinal (e isso é surpreendente ainda) há gente que me lê e o título deste lugar é Poética. Tá, é o seguinte... sempre gostei de contos, já tinha me aventurado pelo caminho, mas sem gostar o suficiente do resultado. Continuo não achando que sou "o cara", mas os 30 me deram mais cara-dura, mais coragemn pra colocá-la à tapa.
Tudo é culpa de um povo, um grupo de escritores, que eu encontrei por absoluto acaso na 52ª Feira do Livro, na Tenda de Pasárgada (que é um container). Seria este o deslugar? Enfim, o trabalho é muito bom, o grupo é muito bom, e eu levei fé. E quem me conhece, sabe que eu não digo isso à toa. Ganhei os primeiros livros , comprei os outros. Faça o mesmo. Conheça-os, leia-os.
http://www.casaverde.art.br
A prosa tomou conta mesmo... mas chega. Critiquem, opinem, sou amadoríssima no gênero.
É, este blog não é confessional (não é?) há algum tempo. Mas a situação precisa ser explicada, porque afinal (e isso é surpreendente ainda) há gente que me lê e o título deste lugar é Poética. Tá, é o seguinte... sempre gostei de contos, já tinha me aventurado pelo caminho, mas sem gostar o suficiente do resultado. Continuo não achando que sou "o cara", mas os 30 me deram mais cara-dura, mais coragemn pra colocá-la à tapa.
Tudo é culpa de um povo, um grupo de escritores, que eu encontrei por absoluto acaso na 52ª Feira do Livro, na Tenda de Pasárgada (que é um container). Seria este o deslugar? Enfim, o trabalho é muito bom, o grupo é muito bom, e eu levei fé. E quem me conhece, sabe que eu não digo isso à toa. Ganhei os primeiros livros , comprei os outros. Faça o mesmo. Conheça-os, leia-os.
http://www.casaverde.art.br
A prosa tomou conta mesmo... mas chega. Critiquem, opinem, sou amadoríssima no gênero.
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