sábado, outubro 22, 2005

Poema de namorada

a gata misteriante
escorrega sublime
pela basculante
ronrona-se

plenamente
Morgana
dor-me

domingo, outubro 16, 2005

Poeminhas de domingo de chuva

I.

Minha roda é movida pelas paixões
Das mais rasteiras às mais nobres
Se é que existe majestade na perdição
Tudo é intenso e insensato
Extremo somente para ser extremo
O desejo me leva para onde quer
Ele é meu homem

II.
Eu gosto de estar assim
Te ti contigo
Porque tua presença
Me alenta, me conforma e me comove
Dias completamente blues

quarta-feira, outubro 12, 2005


desejo de domingos de sol
de tarde azul e noite chovendo-te
desejo de ronronares e café quente
desejo de abraço manso da gente
de mel no olho e sorriso silente
somente

sábado, outubro 08, 2005

Depois do fim, acumulam-se
os estilhaços e visitam-se
as moradas do costume.
Acendem-se cigarros, em jeito
de desporto, e talvez tudo
isto seja ainda a morte.

Não se contam estórias,
improváveis estórias, sobre
a noite que saqueia os corpos,
restituindo-os à memória
do nada. Empilham-se os dias,
com um terror leve e brando,
com a certeza de que não
voltarão, paciência.

A voz de ninguém há-de atenuar
esse grito - gestos de fuga
e riso que por descuido apenas
deixamos que existam. Encostados
nulos à parede dos minutos,
à espera de quem prometeu não vir
(com que rosto inábil, venha o diabo
e diga). Não vale a pena o esforço,
a inspiração da mágoa sob
os pulmões desatentos:

depois do fim é ainda o princípio.

(Manuel de Freitas)

quinta-feira, outubro 06, 2005

Os teus olhos

E quando você me envolver
nos seus braços serenos
Eu vou me render
Mas seus olhos morenos
Me metem mais medo
Que um raio de sol

(Chico Buarque, "Lígia")

terça-feira, outubro 04, 2005

Música fala

O meu amor tem um jeito manso que é só seu
E que me deixa louca
quando me beija a boca
A minha pele toda fica arrepiada
E me beija com calma e fundo
Até minh'alma se sentir beijada

(Trecho de "o meu amor", de Chico Buarque de Hollanda)

domingo, outubro 02, 2005

Ele fala com poesia
e todo prosa
chega, mansamente,
dono do espaço
Eu, que sou lua cheia,
deixo a noite tomar conta de mim

sábado, outubro 01, 2005

A minha queridíssima amiga Tânia me deu esse poema há alguns anos atrás... Ele sempre volta.


Não deixe portas entreabertas
Escancare-as
Ou bata-as de vez.
Pelos vãos, brechas e fendas
Passam apenas semiventos,
Meias verdades
E muita insensatez.

(Flora Figueiredo)