terça-feira, agosto 26, 2008

Meu queixo descansa em teu ombro adormecido
e meus olhos perdem-se na curva
traço entre uma pinta e a outra no mapa das tuas costas

Canta uma voz conhecida os músculos exaustos do teu corpo
(em que me atiro feito sabiá em manhã de segunda-feira)
feito rio em correnteza

segunda-feira, agosto 25, 2008

Fragmentos do discurso amoroso

Tudo pode ser simples quando bem dito, quando bem desejado, quando bem divertido. O discurso amoroso, considerando-o aqui como aquele que se dispõe ao encantamento, permite, tal como Barthes o fez, expressar (sem máscaras) aquilo que é normalmente secreto. Carpe diem, babe. Você está certo:

"As coisas bem ditas:
benditas coisas"

quinta-feira, agosto 21, 2008

Esse mar que Dori cantou:
as ondas do teu cabelo menino
o azul imenso do teu olho pescador
imprevisto e transparente
tal brincadeira de amor

segunda-feira, agosto 18, 2008

As letras me aprenderam menina

Nem sei quanto tempo passou
quanta vida se precisa para respirar

Não aprendi a contar com a sorte
com os números - esses inimigos

Um pouco de ar é suspiro

Meus dedos são dez
Meus medos infinitos

E digo porque contei contigo

(a chave continua no umbigo?)

quinta-feira, agosto 14, 2008

Não são teus olhos em espiral
Não é tua boca tatuada em minhas costas
Não são as palavras que me roubas
Nem os segredos roucos
Não é o gozo
Não é o vento
Não é o abismo
São as ondas do teu corpo molhado
Eu tenho medo é do mar

domingo, agosto 10, 2008

Não entre na quinquilharia
amor, verdades, mobília
De ti quero o silêncio
(eu gosto das casas vazias)
Do teu dia eu quero o sol
algum amanhecer
palavras pra poesia
(porque eu preciso dizer)

sexta-feira, agosto 08, 2008

quando me beija
o que devora
é meu grito

quando me devora
o que descobre
é meu susto

quinta-feira, agosto 07, 2008

esse teu cheiro de fruto
- se o tenho à boca -
(ah)
nem coro
devoro

terça-feira, agosto 05, 2008

Atenção,
isso é um aviso:
eu não sou um lago manso,
eu sou o Abismo.

Fica longe,
olha o perigo!
Se me amar agora,
vai me odiar um dia.

(você pode até gostar da minha anatomia,
mas vai me chamar de grande filha filha de uma vaca)

Pra quem gosta de cartas marcadas:
Eu não valho nada!
Sou Rainha.
(e gosto das cabeças cortadas)

Cuidado, rapaz!

Blefa direito
ou não descobre do que eu sou capaz...

sábado, agosto 02, 2008

Sempre me surpreendo com o que sou capaz de dizer quando bebo. Mas me surpreendo ainda mais com o que os outros dizem na mesa ao lado quando o fazem. Aí vai então, da série Frases alheias de boteco: A vida é um sexo!

(Análises sobre os sentidos ou produções acerca da situação hipotética em que foi dita tal pérola são bem-vindas)