quinta-feira, outubro 18, 2007

atravessou o espaço apinhado do bar,
encontrou pouso na cadeira ao lado da minha,
apossou-se dela e anunciou
- só com os olhos -
você é a próxima.

Continuei blasé,
a mais perfeita bêbada,
numa completa ignorância
de fato e de qualquer linguagem.

Ele continuou me olhando, um silêncio,
falando aquela língua que eu conhecia bem.
(Ou seria ela quem conhecia bem cada centímetro de pele do meu corpo?).

Eu sorria com mil dentes para o outro,
o direito, que tocava minha perna quando ria.
Tentava esconder o desespero de me saber abatida
pelos (ah, malditos!) olhos castanhos do avesso.

Eu sabia de todas as suas certezas.
Eu duvidava do tempo que sustentaria o beijo guardado.
Os seus dentes longe do meu pescoço...

Ele então disse vem.
Levantou-se:
um obelisco
um monumento
um falo.

Era mais que um homem.
Era o homem a quem eu pertencia.

O nome escrito nas minhas entranhas sussurrava imoralidades.
O uivo contido premente no ar fumacento e ébrio.

Eu fui.

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