terça-feira, janeiro 29, 2008

quando explode a bolha
arrebentam-se no ar
as cores do meu coração

sol ardente

a nova esfera
é breve borboleta
na morte da espera

(flutua soberba sobre minha cabeça
e sabe-se
redondamente certa)

segunda-feira, janeiro 28, 2008

escorrega entre os dedos
feito fio de pérolas
acaricia delicadamente
pele coberta de pó
olhando de perto
parece amor ou verso
mas é só tempo

domingo, janeiro 27, 2008

ovo estrelado em frigideira azul
carros colorem o asfalto
gente comendo
gente amando
gente esperando
gente

vida é prato-feito
pra quem não tem o que fazer

sábado, janeiro 26, 2008

Acaso o vento passe

abertas as portas da Casa
o Vento invade sem pudor
acaricia suas paredes mornas
escancara as limpas janelas
tira tudo do lugar
cobre o chão de folhas e flores
até parecer jardim

o Vento bagunça certezas de tijolos e concreto
até a Casa tornar-se ar
depois silencia e parte
batendo a porta

nas cores dos objetos
o tempo deposita pó
amarela os sorrisos dos retratos
só cantam os fantasmas e as coisas mortas

Casa trancada no sótão
só espera furacão

quarta-feira, janeiro 16, 2008

deixa-me a alma nua
arranca dela meus medos
escancara os segredos
faz-me pra sempre tua
rainha da tua punheta
tu és meu maior tesouro
coroa minha buceta
com esse teu corpo mouro

domingo, janeiro 13, 2008

O que é dito é faca
O que não é, ferida
O que é vivido é fato
O que não é, faísca

Do ponto ao traço
há outro ponto
É novo espaço

Onde está a ponte
pra chegar do outro lado?

sábado, janeiro 05, 2008

A noite escorrega
Um lençol cheio de estrelas
Nós em eclipse