sexta-feira, março 21, 2008

Um dia para Tiago

Acordou cedo, como sempre. Varrendo a escuridão e abrindo as janelas pra esvoaçar o sol pela calçada. Espantou os bêbados e seus tijolos. Adormeceu os postes. Fazia isso com a lentidão de quem repete por séculos o mesmo gesto. Uma letra tocando as margens do caderno de caligrafia, e de novo, e de novo, até tornar-se esfera. Como o sol que agora cochilava sobre os telhados da vizinhança. Um gato. Gordo. Como ele, pachorrento e velho. Sem uma utilidade qualquer. O dia postou-se em andor, pra ser santo. Respirou fundo. Era sertão na cidade baixa, mas o cheiro era de mar.

Um comentário:

Anônimo disse...

Que palavras mais confortáveis, coisa delicada!